Sobre o Ebep Rio de Janeiro

Fundado no Rio de Janeiro, em 23 de maio de 2000, o EBEP -Rio – Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos é uma instituição formada por psicanalistas e profissionais de outras áreas de conhecimento, cujo objetivo é transmitir e divulgar o patrimônio cultural já adquirido pela psicanálise em todos os campos de sua prática, bem como produzir novos conhecimentos.

Seu propósito é criar um espaço de produção marcado pela pluralidade, ancorado numa rede de grupos independentes de trabalho que se constituem a partir de um tema proposto por pelo menos três membros e são autônomos para elaborar seus modos de funcionamento e programas de trabalho. Com esta estrutura, acreditamos que as interrogações de cada um de seus membros, tornando-se objeto de uma discussão mais ampla, poderão levar à emergência de novas proposições teóricas e clínicas.

A partir deste exercício de liberdade e responsabilidade funda-se um novo modo de convívio e inserção no movimento psicanalítico, marcado pela horizontalidade na relação institucional. Esta nova modalidade de relação fundamenta a decisão de não constituir o Espaço Brasileiro como uma instituição de formação.

A história da transmissão da psicanálise mostra, amplamente, que a questão do poder inerente aos laços transferenciais é um campo fértil para produzir submissões com destinos funestos, reféns de hierarquias institucionais. Os destinos desses processos institucionais reguladores e autorizadores da formação de um analista, integrados em redes de poder e prestígio, comprometem profundamente a transmissão da psicanálise.

Nesse ponto, destacamos a importância do espaço institucional coletivo para que esse trabalho fragmentário e interminável da formação seja problematizado. De fato, a horizontalidade e a diversidade de pensamento sustentadas pelo EBEP são um solo fundamental para que possamos manter nossa formação permanente, com sua riqueza e possibilidade de escuta, sendo submetida ao olhar do outro e ao questionamento constante e produtivo de nossos pares.

O Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos Rio procura não dissociar a experiência clínica das demais esferas da experiência coletiva, sejam elas a da política, da ética ou da estética. Nestes termos, a própria experiência clínica passa a ser compreendida como uma política de subjetivação atravessada por diferentes jogos de verdade. É assim que a psicanálise aqui proposta pretende ir além das práticas reservadas aos consultórios e possibilitar novas intervenções éticas e políticas na experiência psicanalítica brasileira.

A condição de possibilidade da prática psicanalítica é a existência de um campo livre para a emergência radical das alteridades, pois só assim poderá ser exercida em toda a sua potência.  As psicanálises, quaisquer que sejam as suas orientações teóricas, são altamente sensíveis às limitações da liberdade democrática. É nesse sentido que apostamos numa política da psicanálise onde  possamos  atuar num campo supra-institucional da comunidade psicanalítica e discutir as formas de atuação que poderíamos desenvolver no sentido de assegurar a defesa dos direitos humanos e das minorias, das instituições democráticas e da liberdade de pensamento e de ação. Seguindo esta perspectiva política o EBEP-Rio integra o coletivo Psicanalistas Unidos pela Democracia – PUD – e o Movimento Articulação.